PAPA SINALIZA ALIANÇA ENTRE RELIGIÕES PARA COMBATER CASAMENTO GAY
O
papa Bento 16, indicando o desejo do Vaticano de forjar alianças com outras
religiões contra o casamento gay, disse nesta sexta-feira que a família estava
ameaçada "em seus fundamentos" por tentativas de mudar a sua
"verdadeira estrutura".
O
papa fez a sua mais recente denúncia do casamento gay em um discurso de Natal
para os funcionários do Vaticano, em que ele misturou religião, filosofia,
antropologia e sociologia para ilustrar a posição da Igreja Católica Romana.
Ele
colocou todo o peso em um estudo realizado pelo rabino-chefe da França sobre os
efeitos que a legalização do casamento gay teria sobre as crianças e a
sociedade.
"Não
há como negar a crise que ameaça em seus fundamentos --especialmente no mundo
ocidental", disse o papa, acrescentando que a família tinha de ser
protegida porque é "o autêntico ambiente para se entregar o plano da
existência humana".
O
papa de 85 anos de idade, falando no Salão Clementine do Palácio Apostólico do
Vaticano, afirmou que a família estava sendo ameaçada por "uma compreensão
falsa da liberdade" e um repúdio ao compromisso de toda a vida do
casamento heterossexual.
"Quando
tal compromisso é repudiado, as figuras-chave da existência humana igualmente
desaparecem: pai, mãe, filho -- elementos essenciais da experiência de ser
humano são perdidos", disse o líder de 1,2 bilhão de católicos do mundo.
O
Vaticano partiu para a ofensiva em resposta às vitórias do casamento gay nos
Estados Unidos e Europa, utilizando todas as oportunidades possíveis para
denunciá-lo através de discursos papais ou editoriais em seu jornal ou na sua
rádio.
ALIANÇA
RELIGIOSA
Em
alguns países, a Igreja Católica uniu forças localmente com judeus, muçulmanos
e membros de outras religiões para se opor à legalização do casamento gay, em
alguns casos com argumentos baseados em análises jurídicas, sociais e
antropológicas, em vez de ensinamentos religiosos.
Significativamente,
o papa elogiou especificamente como "profundamente comovente" um
estudo feito pelo rabino-chefe da França, Gilles Bernheim, que se tornou tema
de acalorado debate no país.
Bernheim,
também um filósofo, argumenta que grupos de direitos homossexuais "irão
utilizar o casamento gay como um cavalo de Tróia" em uma campanha mais
ampla para "negar a identidade sexual e apagar as diferenças sexuais"
e "minar os fundamentos heterossexuais da nossa sociedade".
Seu
estudo, "Casamento Gay, Paternidade e Adoção: O que muitas vezes
esquecemos de dizer", argumenta que os planos de legalizar o casamento gay
estão sendo feitos para "o lucro exclusivo de uma pequena minoria" e
são muitas vezes apoiados por causa do politicamente correto.
Em
seu próprio discurso nesta sexta-feira, o papa repetiu alguns dos conceitos do
estudo de Bernheim, incluindo a afirmação de que crianças criadas por casais
gays seriam mais "objetos" do que indivíduos.
No
mês passado, os eleitores nos Estados norte-americanos de Maryland, Maine e
Washington aprovaram o casamento homossexual, na primeira vez em que os
direitos do casamento foram estendidos a casais do mesmo sexo pelo voto
popular.
Uniões
do mesmo sexo foram legalizadas em seis Estados e no Distrito de Columbia pelos
legisladores e pelos tribunais.
Também
em novembro, a mais alta Corte da Espanha confirmou uma lei do casamento gay, e
na França o governo socialista anunciou um projeto de lei que permitiria o
casamento gay.
FONTE: Agência O Globo