SUS DESATIVOU QUASE 13 MIL LEITOS ENTRE 2010 E 2013
Entre
janeiro de 2010 e julho de 2013, quase 13 mil leitos do Sistema Único de Saúde
(SUS) foram desativados. O levantamento, baseado em dados do Ministério da
Saúde, foi feito pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). A
psiquiatria, com 7.449 leitos a menos, foi a especialidade com maior queda. Na
pediatria houve redução de 5.992; na obstetrícia, 3.431 e na cirurgia geral
houve uma redução de 340 leitos. Em janeiro de 2010, o SUS tinha 361 mil
leitos, em julho deste ano, caiu para 348.303.
O
Ministério da Saúde explicou, em nota, que houve queda de leitos psiquiátricos
em função de uma nova política, que não prioriza a hospitalização de pacientes
com agravos de psiquiatria. Porém, a psiquiatra Fátima Vasconcelos avalia a
política como "equivocada". "Medicamentos novos permitem que os
pacientes sejam tratados em casa, mas há inúmeras condições que precisam de
internação", disse Fátima. Na opinião da especialista falta planejamento
na área, o governo não considerou os níveis de gravidade das doenças psiquiátricas. Fátima
diz que há ilhas de excelência em psiquiatria em hospitais universitários, mas
a realidade do serviço público mostra que existe uma grande dificuldade de
conseguir uma consulta. "Não existe esse ambulatório tão bem ajeitado que
evite internações. É um viés ideológico. Achar que não existe doença
psiquiátrica é uma insanidade", disse Fátima.
No
período do levantamento, nove estados apresentaram números positivos no cálculo
final de leitos ativados e desativados nos últimos dois anos e meio: Rondônia
(629), Rio Grande do Sul (351), Espírito Santo (239), Santa Catarina (205),
Mato Grosso (146), Distrito Federal (123), Amapá (93), Roraima (24) e Tocantins
(9).
Em
números absolutos, os estados das regiões Sudeste e Nordeste foram os que mais
sofreram redução no período. Na avaliação do presidente do CFM, Roberto
d'Ávila, os dados revelam de forma contraditória o favorecimento da esfera
privada em detrimento da pública na prestação da assistência à saúde.
No
estado do Rio de Janeiro, 4.621 leitos foram desativados desde 2010. No
Nordeste, a maior queda foi no Maranhão (-1.181). Entre as capitais, o Rio de
Janeiro foi a que mais perdeu leitos na rede pública (-1.113), seguido por
Fortaleza (-467) e Curitiba (-325).
Para
o Ministério da Saúde, o CFM não considerou o contexto da redução de leitos. A
pasta informou em nota, que entre 2007 e 2013, houve aumento de 63% no número
de leitos de UTI no país, que passaram de mais de 11,5 mil para 18,8 mil e são
voltados para pacientes em estado grave. A pasta também explica que houve
ampliação nos programas de vacinação, o que diminuiu o número de crianças
internadas e, consequentemente, a necessidade de leitos na área.
O
Ministério da Saúde também destacou a criação do Programa Melhor em Casa, que
oferece atendimento domiciliar com equipe multidisciplinar e o reforço na
atenção básica e nas unidades de Pronto-Atendimento, ações que, de acordo com a
pasta, reduzem a necessidade de leitos para internação.
FONTE:
Nominuto.com
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