INSEGURANÇA TOTAL NO RN JÁ SÃO CONTABILIZADOS 1.000 HOMICÍDIOS EM APENAS 7 MESES
Antes
mesmo do final do sétimo mês do ano, o Rio Grande do Norte atingiu uma marca
que mostra bem o atual momento da segurança que o Estado vive. Nessa
sexta-feira (18), o RN registrou o seu homicídio de número 1000.
A
milésima morte intencional aconteceu depois de uma perseguição policial que
começou em Pirangi de Dentro, Parnamirim, e terminou em Taborda, São José de
Mipibu. Os policiais abordaram um carro em que estavam os quatro suspeitos após
uma denúncia anônima.
Eles resistiram à prisão e abriram fogo contra os
policiais. Durante o tiroteio, um dos supostos assaltantes morreu. Os outros
foram presos logo em seguida. Contando com os crimes da madrugada deste sábado,
o número de mortes intencionais subiu para 1004. Com isso o RN tem uma média de
5,04 assassinatos por dia.
Os
municípios que lideram a lista de homicídios são os mesmos. Natal com seus 337
casos aparece em primeiro, sendo seguida por Mossoró com 98. Depois temos
Parnamirim com 84, São Gonçalo do Amarante com 46, Macaíba com 35 e Ceará Mirim
e São José de Mipibu com 33 casos em cada.
De
acordo com dados de Ivênio Hermes, especialista em Políticas e Gestão em
Segurança Pública e pesquisador nas áreas de Criminologia, Direitos Humanos,
Direito e Ensino Policial, dessas mil mortes intencionais, 85% foram vítimas de
arma de fogo, 8,3% de arma branca, 1,4% de algum tipo de ação contundente, que
são objetos capazes de agir traumaticamente sobre o corpo humano, como pedras,
paus, barras de ferro e taco de basebol. Em 2,2% dos casos as vítimas sofreram
espancamento e na mesma proporção foram utilizados métodos diferenciados para
causar a morte.
Em
apenas 0,3% dos casos não houve qualquer meio de identificação do gênero da
vítima, no restante, 93,1% dos homicídios foram contra homens e 6,6% contra mulheres.
As vítimas abaixo de 15 anos totalizaram 1,8% das ocorrências e aquelas sem
idade identificada chegaram a 6,6% dos casos. Foram 59,3% de pessoas
pertencentes à faixa etária compreendida entre 15 e 29 anos, as acima dessa
faixa 32,3%, ou seja, 61,1% pertenciam à população jovem do estado.
No
Agreste Potiguar foram 7% de jovens menores de 29 anos de idade que perderam a
vida de forma violenta intencional. Na Central Potiguar esse total chega a 5% e
na Oeste outros 25%, ficando a maior parte das vítimas, 63% delas, para região
mais perigosa do Rio Grande do Norte, o Leste Potiguar, justamente por abrigar
a maior parte dos municípios pertencentes à Região Metropolitana de Natal.
“Desde
2011 que eu venho falando isso.
O Governo não fez nenhum investimento parte
investigativa e pericial da nossa polícia. Quando não se leva o criminoso para
a justiça, ele é preso e solto. Ele volta a delinquir.
Quando ele volta para as
ruas, ele sente essa sensação de impunidade. Ele vem com mais força ainda e
contra até as pessoas que representam autoridade”, destacou Ivênio Hermes.
Com
a impunidade no RN, o Estado acaba se tornando um atrativo para criminosos de
outras regiões. “Se um Estado vizinho nosso, como a Paraíba, por exemplo, está
investindo em policiamento, eles percebem que lá a condição para cometer crime
está complicada. Então eles migram para o Estado onde as facilidades são
maiores, que é o nosso caso. Então nos tornamos um pólo atrativo para os
criminoso”, frisou Ivênio, que ainda destacou a questão social como outro fator
para o aumento da violência.
“Não
existiu uma política pública nos últimos seis anos para colocar os jovens no
primeiro emprego. Não houve aquela busca de retirar o deliquente juvenil da
criminalidade e o colocasse em uma situação de que ele pudesse ter alguma
recompensa. Com isso ele volta a delinquir. E o jovem que está fora do primeiro
emprego, mas que sofre forte influência da criminalidade do bairro, ele vai
entrar no mundo do crime, pois ele encontra facilidade de obter aquelas coisas
que ele encontra todos os dias na mídia, que é a questão do consumo”.
Como
solução imediata para tentar diminuir os números da violência, o especialista
em segurança sugere operações “curtas” nos locais com maiores índices de
criminalidade. “Esse estudo que eu faço, eu trago os locais onde as mortes
acontecem, o tipo de crime entre outras coisas. Quando fazemos isso, criamos a
mancha criminal. Então o que deveria ser feito é o Governo pegar efetivo do
policiamento integrado, não pode ser só PM e nem somente Polícia Civil, e
deslocar para aquela região onde está acontecendo mais crimes. Fazer operações
curtas, não longas. Ir um dia na semana ou duas vezes e fazer a abordagem na
região.
Como Pegar os Bandidos se os Policiais não tem como se locomover com as viaturas precárias...
Pois se tivermos uma operação longa, os criminosos, que se comunicam, deixam
de ir para aquela região onde está tendo policiamento e partem para outras.
Fazendo operações curtas, o Governo poderia juntar esforços e ir em cada
bairro”.
Ivênio
ainda lembrou da importância de se aumentar o efetivo do policiamento do Rio
Grande do Norte. “Hoje o nosso efetivo policial não atende a demanda e nem mais
a Lei de Responsabilidade que consta no programa Brasil Mais Seguro. É
importante chamar as pessoas que foram aprovadas nos concursos para completar o
quadro. É importante fazer outros concursos e também fazer o novo treinamento
com o atual efetivo, pois os policiais precisam ficar mais preparados para o
combate. Em várias operações, ou os policiais são baleados, ou o bandido morre,
ou então o policial fica marcado pelos bandidos. É preciso treinar esse
policial para tentar evitar o confronto”.
Por
fim, o especialista em segurança criticou as viaturas que foram adquiridas
recentemente pelo Governo do RN. “As viaturas são muito pequenas. O policial
anda todo equipado, com armamento e colete, o que dificulta a saída dele das
viaturas. Os policiais estão atirando de dentro das viaturas, já que demorar
mais do que deveriam para sair dos carros. Isso acaba prejudicando o trabalho
policial. As viaturas precisam ser maiores, com portas maiores que facilitem a
saída do policial”.
FONTE:
Diego Hervani O Jornal de Hoje
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