UM EM CADA 10 BRASILEIROS TEM O HÁBITO DE COMPRAR NO CREDIÁRIO
Parcelar
as compras no carnê ou boleto é um hábito pouco comum entre os brasileiros.
Segundo um levantamento realizado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC
Brasil) e pelo portal de educação financeira, 'Meu Bolso Feliz', apenas 10% dos
consumidores residentes nas capitais brasileiras costumam fazer compras no
crediário com alguma frequência - ou seja, realizam pelo menos uma compra nesse
tipo de modalidade a cada três meses. Outros 40% dos entrevistados afirmaram
fazer até três compras por ano e 50% nem sequer chegaram a utilizar essa modalidade
de crédito em algum momento de suas vidas.
Embora
pouco frequente em todas as classes sociais pesquisadas, o hábito tende a se
destacar um pouco mais entre os indivíduos da classe C (12%). Entre os
entrevistados das classes A e B, apenas 8% são adeptos do crediário. Já em
relação ao gênero, a pesquisa não encontrou diferenças significativas. Entre as
mulheres, 10% afirmaram fazer ao menos uma compra no crediário a cada três
meses. O dado é bastante similar entre a parcela masculina, que é de 11% da amostra.
O
educador financeiro do portal 'Meu Bolso Feliz', José Vignoli, afirma que a
principal razão da perda de espaço do crediário como opção de pagamento é a
popularização do cartão de crédito. Enquanto somente 10% dos brasileiros
utilizam o pagamento em carnê ou boleto com frequência, uma pesquisa recente do
SPC Brasil mostrou que 48% dos consumidores costumam parcelar suas compras no chamado
'dinheiro de plástico'.
"O
crediário já foi uma ferramenta financeira bastante utilizada pelos
brasileiros, principalmente antes da estabilização da moeda e quando havia
menos pessoas bancarizadas", afirma Vignoli. Os especialistas do 'Meu
Bolso Feliz' explicam que, de modo geral, o crediário é uma forma de financiar
as compras em mais parcelas do que um cartão de crédito permite. Isso acontece
porque o crediário é um tipo de financiamento que funciona de maneira
independente em relação ao banco. "Tem lojas que trabalham com financeira
e outras que têm crediário próprio", explica Vignoli.
Vantagens
e desvantagens
Enquanto
o cartão de crédito permite, na maioria parte das vezes, que uma compra seja
financiada em até 12 parcelas, o crediário em boleto ou carnê, permite que o
mesmo financiamento seja estendido em até 48 vezes ou mais, dependendo da loja. As
compras no crediário são opções que atraem, principalmente, os consumidores que
não têm condições de pagar uma compra à vista, não trabalham com cartão ou
cheques, mas querem parcelar um bem. "O crediário é para uma parte da
população brasileira, sobretudo a que vive fora dos grandes centros urbanos, a
única via para conseguir realizar compras de valores mais elevados",
explica Vignoli.
Três
em cada dez (27%) consumidores que possuem o hábito de comprar no crediário
afirmam que o maior benefício dessa forma de pagamento é a possibilidade de
dividir a compra em várias prestações que cabem no bolso. Outros 22% da
amostram disseram que a maior vantagem é poder parcelar mesmo sem o cartão de
crédito. Ter um prazo determinado para pagar (14%), fazer as compras mesmo sem
ter dinheiro em mãos (11%), a segurança de não precisar carregar dinheiro na
carteira (10%) e não pagar juros (6%) são algumas das opções também mencionadas
pelos entrevistados. Apenas 10% dos consumidores não veem vantagem no uso do
crediário.
Embora
o número total de prestações no crediário seja, em média, maior do que as
oferecidas em outras modalidades - como o cartão de crédito - para ter acesso a
essa ferramenta o processo é um pouco mais burocrático. As lojas, geralmente,
fazem uma análise cadastral do cliente para avaliar se ele possui condições de
arcar com o valor do bem. "O lado bom, é que os clientes que vão criando
um bom histórico de pagamento tendem ganhar facilidades em compras
futuras", explica Vignoli.
Mas
como qualquer ferramenta de crédito, o crediário também apresenta suas
vantagens e desvantagens. Apesar dos juros serem mais baixos do que no cartão
de crédito (72,33% ao ano contra 238,67%, segundo dados da Anefac), o
consumidor deve estar atento para as condições de pagamento que as lojas
oferecem. A economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, recomenda cautela
na hora de fazer financiamentos de longo prazo.
"O
consumidor deve evitar fazer mais de três prestações ao mesmo tempo. Quem
compromete mais de 30% da renda familiar com prestações acumuladas, sejam elas
através de crediário, cartão ou cheque pré-datado, pode sofrer sérios
desarranjos no orçamento, caso haja uma situação emergencial.", explica a
economista.
FONTE:
NoMinuto.com
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