PASSAGEM DE LAMPIÃO PELO RN VAI VIRAR DOCUMENTÁRIO
A
passagem meteórica de Virgulino Ferreira da Silva pelo Rio Grande do Norte, em
junho de 1927, vai muito além da histórica derrota sofrida em Mossoró. Eterno
rei do cangaço, temido e amado por muitos, Lampião circulou 96 horas por terras
potiguares deixando um rastro de violência que o tempo não foi – e muito
provavelmente não será – capaz de apagar. É no encalço dessa rota, que durou
apenas quatro dias, que o documentário em longa-metragem “Chapéu Estrelado – Os
caminhos de Lampião no Oeste Potiguar” cai na estrada a partir do dia 22 de
abril. A data de lançamento ainda não está definida, mas a intenção da equipe é
lançar ainda este ano.
Com
direção do cineasta carioca Silvio Coutinho, roteiro do escritor e artista
plástico Iaperi Araújo, produção executiva do crítico de cinema Valério Andrade
(FestNatal) e pesquisa de Rostand Medeiros, o filme refaz o caminho que o bando
de Lampião (1898-1938) trilhou entre 10 e 14 de junho de 1927 pelo interior do
Ceará, Paraíba e RN. Período que marcou o início do fim do reinado do Capitão
Virgulino pelo Sertão nordestino.
A
proposta do ‘road movie’, cujas imagens serão capturadas com equipamento de
tecnologia 4k (resolução quatro vezes superior ao padrão ‘Full HD’), é
registrar a memória de herdeiros diretos, gente que está na faixa dos 80 anos,
daqueles que testemunharam episódios envolvendo o famoso cangaceiro. Entre os
depoimentos, imagens antigas e comentários de historiadores e estudiosos do
tema.
Sem amparo de leis de incentivo ou editais,
com alguns apoios locais, o documentário será rodado de 22 de abril a 6 de maio
na zona rural de cidades como Luis Gomes, Major Sales, Marcelino Vieira,
Antônio Martins, Caraúbas, Apodi, Felipe Guerra, Governador Dix-Sept Rosado,
Mossoró e Baraúnas – em 1920 o caminho dos cangaceiros atravessava seis
municípios, hoje são 19.
“Nosso
ponto de partida será a fazenda de Ipueira, em Aurora no Ceará, onde Lampião
foi acolhido pelo Coronel Isaías Arruda. Foi lá que ele conheceu o pistoleiro
(e dublê de cangaceiro) Massilon, que seria seu guia pelo RN. O alvo do bando
era Mossoró”, disse Rostand Medeiros, escritor e autor da pesquisa que embasou
o projeto “Nas Pegadas de Lampião” encomendada pelo Sebrae-RN em 2010. Saindo
de Aurora, o filme segue Lampião pela Paraíba, sobe a ‘tromba do elefante’ e
termina na cidade de Limoeiro do Norte também no CE.
O mapeamento inicial do trajeto dos
cangaceiros pelo RN foi feito pelo juiz Sérgio Dantas, que em 2005 lançou o
livro “Lampião e o Rio Grande do Norte: a história da grande jornada”. No
livro, Dantas desfaz equívocos e tira das costas de Virgulino Ferreira uma
série de crimes que o cangaceiro não teria como cometer por questões temporais
e geográficas.
FONTE: Tribuna do Norte
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