DILMA DIZ QUE "ESTÁ DO LADO CERTO DA HISTÓRIA" E QUE NÃO VAI RENUNCIAR
A
presidente Dilma Rousseff disse hoje (3) que recebeu pedidos para que
renunciasse, mas que a “injustiça” que sofre com o processo de impeachment vai
continuar visível. Ela voltou a dizer que está em curso um “golpe” no país, que
é vítima de uma fraude e que não vai renunciar a seu mandato. Mais uma vez, a
presidente declarou estar “do lado certo da história”, que é a democracia.
“Muitas
vezes, não foi uma nem duas, pediram que eu renunciasse, porque assim se
esconde para debaixo do tapete esse impeachment sem base legal, portanto esse
golpe. É extremamente confortável para os golpistas que a vítima desapareça,
que a injustiça não seja visível. Eu quero dizer uma coisa para vocês: a
injustiça vai continuar visível. Bem visível”, disse.
Dilma
voltou a dizer que não há causa para o impeachment e que a “democracia
brasileira sofre um assalto porque querem encurtar o caminho”. “Se eu for
comparar com todos os presidentes que me antecederam, pelo menos os dois
últimos, a situação é extremamente estranha. Eu fiz seis decretos. Quem mais
fez foi FHC (Fernando Henrique Cardozo) que fez 101 decretos. Falaram que eu
não estava cumprindo a meta fiscal. Foram feitos por demanda minha? Não, não
fui eu que pedi”, disse, em referência a solicitações de edição dos decretos de
crédito suplementar feitas por diferentes órgãos, como o Tribunal Superior
Eleitoral.
A
presidente fez as declarações ao participar do lançamento do Plano Safra de
Agricultura Familiar 2016/2017, que vai fornecer R$ 30 bilhões em créditos para
financiamento da produção orgânica e agroecológica de alimentos.
Movimento
das elites
Antes
de Dilma, outras pessoas que discursaram também condenaram o que chamaram de
golpe. Para o ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, há um
movimento das elites e oligarquias contra a presidente Dilma e a Constituição
Federal, mas também contra políticas públicas que promovem a “inserção social
produtiva de milhões de famílias”.
Anunciando
demonstrar “indignação cívica” com o momento atual, o ministro petista
classificou o processo como “tentativa explícita de romper a ordem constitucional
do Brasil, quebrando o mandato legítimo de uma presidente legitimamente eleita
nas urnas”.
“Nesse
momento, além da tentativa da quebra do mandato através do golpe, há uma
tentativa de golpe contra as políticas públicas sociais que nós implantamos no
Brasil nos últimos anos. Está na hora de afirmarmos aqui lealdade ao mandato da
presidente, o compromisso com a democracia brasileira e com os mais pobres do
Brasil, que têm fome e sede de justiça, que utilizam a função social da terra.
Não podemos deixar que eles vençam mais uma vez. Em tono da presidente Dilma,
nós venceremos”, disse Patrus.
Movimentos
sociais
Repetindo
o discurso que Dilma vem fazendo, Anderson Amaro, do Movimento dos Pequenos
Agricultores, disse que impeachment sem crime é golpe. “E golpe nós não
aceitamos. Golpistas, nós não vos deixaremos governar um só dia. Lutaremos com
ousadia, sem trégua, até estabelecermos a normalidade democrática. Nossa luta é
contra o golpe e em defesa da democracia. Nossa luta é pela reforma agrária
popular integral e contra o latifúndio. Temer e Cunha, a batata de vocês está
assando”, disse.
Segundo
o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura
(Contag), Alberto Broch, é preciso haver uma “trincheira de luta” para que as
políticas públicas não sejam diminuídas “um centímetro”. “Somos a favor da
democracia que custou muito suor, muito sangue, muita luta do povo brasileiro.
Nós sabemos para quem é que sobra quando acontece isso. É para nós, para o
povo, os trabalhadores, os acampados, os assentados, para o agricultor
familiar. Nós vamos resistir. Não aceitaremos retrocesso”, disse.
Elisangela
Araújo, da Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura
Familiar, também mandou um recado para a oposição. “Aqueles e aquelas que estão
dizendo que vão dar um golpe na democracia brasileira, eles que esperem, porque
o movimento social e popular e sindical não vai dar trégua, porque nós não
vamos permitir o retrocesso das conquistas”, disse.
Além
dos créditos, o Plano Safra de Agricultura Familiar 2016/2017 vai fornecer uma
nova linha de juros mais baixa. Durante o evento, a presidente assinou decreto
que regulamenta lei sobre os créditos concedidos aos assentados da reforma
agrária. De acordo com Patrus Ananias, também será lançado o 2º Plano Nacional
de Agroecologia e Produção Orgânica 2016/2019.
Sobre
a legislação que trada da seleção das famílias beneficiárias, o ministro disse
que os acampados serão reconhecidos “como sujeitos de direitos, estabelecendo
condições para famílias do programa e aperfeiçoamento”.
FONTE:
Agência Brasil
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