MORDOMO DO PAPA SE MOSTRA UM VERDADEIRO TRAIDOR
Logo
após o amanhecer do último dia 23, Paolo Gabriele se despediu da mulher, falou
com seus três filhos e saiu para começar mais um dia de trabalho com o homem
que os católicos julgam ser o representante de Cristo na Terra, o Papa Bento
XVI. No final daquele dia, o mordomo do Pontífice seria acusado de traição e
alguns fiéis, incluindo um cardeal italiano, o comparariam a Judas Iscariotes,
o apóstolo que entregou Jesus aos romanos.
Gabriele,
descrito por conhecidos como um homem tímido e reservado, está agora no centro
da pior crise do pontificado de Bento XVI. Acusado de vazar documentos que
comprovam graves casos de corrupção no Vaticano, seu rosto apareceu nas
primeiras páginas de jornais no mundo inteiro. O mordomo, que está detido, deve
depor na semana que vem.
Para
alguns — mesmo que ele seja condenado, Gabriele é um idealista que queria
acabar com a corrupção nas raízes do Vaticano e teria sido ajudado por
cúmplices. Para outros, ele é apenas um bode expiatório dentro da complexa luta
de poder entre cardeais na Santa Sé.
—
Conheço Paolo (Gabriele) e não acredito que ele é capaz de fazer algo deste
tipo sozinho. O que aconteceu é claramente uma quebra de confiança para o Papa,
mas não acredito que ele agiu sozinho — disse uma fonte que não quis ser identificada
à Reuters.
No
último dia 23 de manhã, quando Gabriele entrou no apartamento privado do Papa,
o mordomo andou por um corredor, passando pela capela privada de Bento XVI e
serviu o café da manhã para o Pontífice. Já naquele dia, o funcionário sabia
que era um suspeito no inquérito que desde janeiro investiga o vazamento de
informação dentro do Vaticano.
—
Ele já tinha sido interrogado, mas elemento decisivo só permitiu sua prisão
agora — afirmou uma autoridade do Vaticano. FONTE: Agência O Globo
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