UNIDADES PRISIONAIS DE MOSSORÓ, CAICÓ, SÃO PAULO DO POTENGI E NÍSIA FLORESTA FORAM ALVOS DE DEPREDAÇÕES PELOS DETENTOS
Nesta
terça-feira (17/03), quatro presos ficaram feridos e as celas de um pavilhão
foram destruídas durante um motim na Penitenciária Agrícola Doutor Mário
Negócio, em Mossoró, na região Oeste do Rio Grande do Norte. O vice-diretor do
presídio, José Fernandes, informou que os homens foram feridos pelos próprios
detentos da unidade. "Fizeram eles reféns, os espancaram e furaram com
facas também", afirma.
Os
presos espancados foram atendidos por ambulâncias e levados para o Hospital
Regional Tarcísio Maia, em Mossoró. Nenhum deles corre risco de morte, segundo
o vice-diretor do presídio. A rebelião aconteceu no pavilhão 3, onde cerca de
200 homens estão encarcerados. "As celas foram destruídas, mas já
iniciamos o conserto. Nos dois outros pavilhões está tudo normal",
conclui.
Sobre
o motivo da rebelião, o vice-diretor conta que os presos não falaram nada.
"Sabemos que a ordem partiu de Natal, mas ninguém quis falar nada. Não
fizeram nenhuma reivindicação", explica José Fernandes. A rebelião teve
início às 11h30 e terminou cerca de uma hora depois.
Além
da Penitenciária Agrícola Doutor Mário Negócio, presos também se amotinaram no
Centro de Detenção Provisória de São Paulo do Potengi, na região Agreste; na
Penitenciária Estadual Desembargador Francisco Pereira da Nóbrega, o Pereirão,
em Caicó; e no Presídio Rogério Coutinho Madruga, em Nísia Floresta.
Ao todo,
onze unidades já foram alvos de rebeliões e depredações causadas por detentos.
Segundo
direção da unidade, Pereirão teve todas as grades arrancadas das celas (Foto:
Alex Alexandre/G1)
Reinvidicações
Uma
TV e um ventilador em cada uma das celas, roupas e tênis para jogar bola na
quadra e material de artesanato estão entre as reivindicações dos detentos do
presídio estadual Rogério Coutinho, em Nísia Floresta, na Grande Natal. Os
pedidos dos presos, que fazem uma série de rebeliões desde a semana passada,
estão em uma carta obtida com exclusividade pelo G1.
Além
da carta, detentos gravaram vídeos em que fazem uma série de exigências, como a
saída da diretora da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, Dinorá Simas (veja
abaixo). Esta é a maior unidade prisional do estado e apontada como foco do
início das rebeliões.
A
situação levou à exoneração do secretário estadual de Justiça e Cidadania
(Sejuc), Zaidem Heronildes da Silva Filho, e o governo decretou situação de
calamidade no sistema prisional.
A
Secretaria de Segurança Pública afirma que "não vai negociar com
preso". Segundo o Ministério Público, a população carcerária no Rio Grande
do Norte é de aproximadamente 7.650 pessoas, mas o Estado tem cerca de 4 mil
vagas.
Em
entrevista à Inter TV Cabugi, a secretária de Segurança Pública e Defesa Social
do Rio Grande do Norte, Kalina Leite Gonçalves, afirmou que não vai negociar
com os presos. "O que o poder público tem que fazer é garantir os direitos
constitucionais. Agora, nenhuma possibilidade de negociação com preso",
disse ela.
Força
Nacional
Homens
da Força Nacional chegaram a Natal em um Hércules da FAB (Foto: Georgia Câmara)
Força
Nacional chegaram a Natal em um Hércules da FAB (Foto: Georgia Câmara/PM)
O
governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria, falou pela primeira vez
sobre a onda de ataques a ônibus e motins ocorridos nas penitenciárias do
estado. Em entrevista coletiva na manhã desta terça, ele destacou o apoio
recebido do governo federal, como o envio de homens da Força Nacional, e
afirmou que, se necessário, haverá uso das Forças Armadas. Setenta e nove
homens já desembarcaram em Natal para reforçar a segurança nas unidades
prisionais.
A
previsão, segundo a Secretaria de Segurança Pública, é que a tropa chegue a 200
militares ainda nesta semana. Contudo, há um acordo para que até 300 homens da
Força Nacional atuem no Rio Grande do Norte. O pedido de reforço foi feito pelo
governador Robinson Farias ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.
Calamidade
"O
governo decretou estado de calamidade do sistema penitenciário. Isso significa
que vamos trabalhar para a recuperação das instalações do sistema carcerário
para poder atender as demandas dos apenados. Mas o governo não vai fazer nenhum
tipo de concessão. Que fique bem clara a nossa posição. Vamos garantir os
direitos dos apenados, mas sem fazer nenhum tipo de concessão ou barganha que
venha a mudar a autoridade do governo de enfrentar a situação", afirmou o
governador.
FONTE:
G1 RN.
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