BANCO CENTRAL REDUZ JUROS BÁSICOS DA ECONOMIA PARA 14%
Pela
primeira vez em quatro anos, o Banco Central (BC) baixou os juros básicos da
economia. Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu hoje
(19) a taxa Selic em 0,25 ponto percentual, para 14% ao ano. A decisão era
esperada pelos analistas financeiros, que previam o corte dos juros a partir
deste mês.
Em
comunicado, o Copom informou que a reversão da alta de preços de alimentos
ajudou a segurar a inflação de forma mais favorável que o esperado. No entanto,
o órgão apontou riscos para conter os preços, como incertezas na aprovação de
medidas de ajuste fiscal e a possibilidade de que o longo período de inflação
acima do teto da meta reforce a indexação da economia, quando a inflação do passado
é incorporada aos preços atuais.
A
última vez em que a taxa tinha sido reduzida foi em outubro de 2012, quando o
Copom tinha cortado os juros de 7,5% para 7,25% ao ano. A taxa foi mantida
nesse nível, o menor da história, até abril de 2013, mas passou a ser
reajustada gradualmente até alcançar 14,25% ao ano em julho do ano passado.
A
Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a
inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo
(IPCA).
Oficialmente, o Conselho Monetário Nacional estabelece meta de inflação
de 4,5%, com margem de tolerância de 2 pontos, podendo chegar a 6,5%. Segundo o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA acumulou 8,48%
nos 12 meses encerrados em setembro, depois de atingir o recorde de 10,71% nos
12 meses terminados em janeiro.
No
Relatório de Inflação, divulgado no fim de setembro pelo Banco Central, a
autoridade monetária estima que o IPCA encerre 2016 em 7,3%.
O mercado está um
pouco menos pessimista. De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal com
instituições financeiras divulgada pelo Banco Central, a inflação oficial
fechará o ano em 7,01%.
Até
a última reunião do Copom, em agosto, o impacto de preços administrados, como a
elevação de tarifas públicas, e o de alimentos, como feijão e leite,
contribuíam para a manutenção dos índices de preços em níveis altos. De lá para
cá, no entanto, a inflação começou a desacelerar por causa da recessão
econômica e da queda do dólar. Em setembro, o IPCA ficou em 0,08%, a menor taxa
para o mês desde 1998.
Embora
ajude no controle dos preços, o aumento ou a manutenção da taxa Selic em níveis
elevados prejudica a economia. Isso porque os juros altos intensificam a queda
na produção e no consumo. Segundo o boletim Focus, os analistas econômicos
projetam contração de 3,19% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e
serviços produzidos pelo país) em 2016. No último Relatório de Inflação, o BC
manteve a estimativa de retração da economia em 3,3%.
A
taxa é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de
Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de
juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o Banco Central segura o excesso
de demanda que pressiona os preços, porque os juros mais altos encarecem o
crédito e estimulam a poupança. Quando reduz os juros básicos, o Copom barateia
o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas enfraquece o controle da
inflação.
FONTE:
Agência Brasil
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