FM Boas Novas 87.9 Felipe Guerra RN: Cresce número de jovens infectados pelo vírus da Aids em Mossoró

segunda-feira, 30 de julho de 2018

Cresce número de jovens infectados pelo vírus da Aids em Mossoró


O número de mossoroenses infectados pelo vírus da Aids, na faixa etária de 15 a 19 anos aumentou 100% entre os anos de 2016 e 2017, saltando de dois para quatro os registros na cidade. O quantitativo de pacientes pode parecer pequeno, mas revela uma tendência que tem assustado especialistas: os casos de Aids voltaram a crescer, principalmente entre os jovens.
“O público jovem tem se contaminado muito. O alerta está aceso novamente, pois esse grupo está muito desligado das questões referentes à prevenção, ao autocuidado. O advento dos medicamentos trouxe uma perspectiva de tratamento, de uma qualidade de vida melhor, de a Aids ser caracterizada até como uma doença crônica. A gente só consegue quebrar essa cadeia com o entendimento de que é preciso se prevenir. Eu diria até que essa é uma questão comportamental”, afirma Conceição Melo, responsável técnica pelo Programa de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST/AIDS) de Mossoró.
A realidade vivenciada na cidade não é diferente do contexto nacional e internacional. Dados divulgados por um levantamento realizado pelo Departamento de Doenças Sexualmente Transmissíveis, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde mostram que, de 2006 a 2015, o número de brasileiros infectados pelo vírus da Aids saltou, na faixa etária de 15 a 19 anos, de 2,4 para 6,9 para cada 100 mil habitantes. Em 2016, do total de 1,8 milhão de novas infecções pelo vírus HIV registradas em todo o mundo, 600 mil ocorreram entre jovens de 15 a 24 anos.
“O Ministério da Saúde vem trabalhando com várias ferramentas de prevenção e a gente tenta chegar com essas ferramentas aos usuários, inclusive os mais jovens. Em nível de Secretaria Municipal de Saúde, nosso papel é trabalhar a perspectiva de prevenção, com parcerias. É um trabalho incansável, e quanto mais parceiros para ajudar, melhor”, destaca Conceição Melo.
Para o infectologista Alfredo Passalacqua, o aumento no número de casos, constatado também em seu consultório, está relacionado a vários fatores, entre eles a falta de orientação quanto à prática do sexo seguro, o uso de drogas, lícitas e ilícitas, e ainda os avanços no tratamento da doença, que proporcionam uma falsa impressão de que a cura pode estar próxima. “Estamos vendo um aumento do número de informações de que o tratamento está mais simples, e que em breve a cura vai estar acontecendo, então você junta tudo isso na cabeça de uma população que ainda está em formação, você vai acabar tendo o que estamos percebendo: pessoas jovens se infectando devido a essa soma de fatores, e infelizmente descobre-se que o HIV não é tão simples assim”, alerta o especialista.

O fato de os hospitais de referência no tratamento de HIV/Aids oferecerem serviços como a profilaxia pós-exposição, que se trata, basicamente, da ingestão diária de um medicamento contra o vírus por pacientes não infectados após terem se exposto a uma situação considerada de risco, também pode favorecer, segundo Passalacqua, a prática de relações desprotegidas, principalmente entre os jovens.
“São poucas medicações, poucos efeitos colaterais, então muitas vezes as pessoas têm relações sabidamente sem proteção, fazem de forma irresponsável e dizem: ‘Qualquer coisa vou lá no Hospital Rafael Fernandes e faço meu tratamento de alguns dias e não adquiro nada’; isso é errado, já que o tratamento é para situações extremas, para acidentes com material perfurocortante, o caso de um preservativo que venha a se romper, de um estupro, abuso sexual, temos alguns protocolos que devem ser seguidos. A informação às vezes é lançada na mídia, mas sem ter como foco o público mais jovem; é difícil conseguir que ele compreenda as consequências disso”, conclui o infectologista.
Em 20 anos, Mossoró registra mais de 630 casos de Aids
Ao longo dos últimos 20 anos, Mossoró registrou 636 casos de Aids. Os dados foram disponibilizados ao JORNAL DE FATO pela coordenação do Programa Municipal de IST/Aids. O ápice de pacientes infectados ocorreu em 2014, quando 78 pessoas foram diagnosticadas com a infecção.
A doença voltou a crescer em 2017, quando 76 casos foram registrados, sendo 53 homens e 23 mulheres acometidos pela doença. A série histórica aponta o ano de 1999 como o de menor número de pacientes diagnosticados, quando apenas uma pessoa foi infectada pelo HIV e desenvolveu a síndrome da imunodeficiência adquirida

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